A pesquisa de emprego industrial do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) referente a outubro confirmou o desaquecimento das contratações, já observado nos levantamentos da Confederação Nacional da Indústria (CNI), que apontou variação positiva de 0,1%, do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), que teve alta de 0,12% no emprego formal, e da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), que teve incremento de 0,2% no Estado.
Na pesquisa do IBGE, o emprego industrial em dez Estados teve queda de 0,2% em outubro em relação a setembro, com ajuste sazonal. Na comparação com o outubro de 2007, houve alta de 1,6%, o resultado mais baixo apurado desde março de 2007 (que havia sido de 1,53%).
O economista da LCA Consultores Fábio Romão calcula que, de janeiro a agosto, a taxa de emprego industrial no país crescia em média 6,5%, e no terceiro trimestre caiu para 2,2%. "O setor estava desacelerando e a crise intensificou esse processo", afirmou. O setor industrial foi o primeiro a apresentar reflexos da crise internacional no emprego, dado que as pesquisas gerais de emprego e desemprego registraram números favoráveis para outubro.
A pesquisa do Caged apontou incremento de 0,2% no saldo total de empregos com carteira assinada no país e o levantamento do IBGE de desemprego ficou estável em 7,5% nas regiões metropolitanas em outubro.
Para o economista do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) Rogério César Souza, o efeito ainda é restrito. "O processo de desaceleração, que havia começado em julho, continua. E o padrão que tínhamos, do crescimento puxado pelos setores de bens de capital e bens duráveis, também se manteve", afirmou.
Os setores que apresentaram queda no nível de empregos em outubro com ajuste sazonal foram os mesmos que já registravam retração em meses anteriores. Houve recuo nas áreas de fumo (0,01%), têxtil (0,26%), vestuário (0,58%), madeira (0,39%), calçados e artigos de couro (0,29%), borracha e plástico (0,03%) e fabricação de outros produtos da indústria da transformação (0,12%).
Os setores industriais que sofreram forte desaceleração no ritmo de produção em outubro em função da escassez de crédito ou de dificuldades para exportar ainda apresentaram expansão no número de contratações em outubro. É o caso dos grupos fabricação de meios de transporte (0,51%), máquinas e aparelhos eletrônicos, de precisão e de comunicação (0,49%), máquinas e equipamentos (0,66%), produtos de metal (0,25%) e metalurgia básica (0,27%). "Esses setores ainda vão ser mais afetados pela crise e a fragilidade na evolução do emprego no país pode surgir daí", afirma o economista. Souza estima que haverá desaceleração mais significativa no emprego industrial a partir de novembro, sobretudo em função das notícias recentes de demissão nos setores de metalurgia básica, autopeças e construção civil.
Fábio Romão acredita que os efeitos da crise sobre o emprego industrial serão mais fortes a partir do primeiro trimestre de 2009. "Em outubro e novembro, há notícias de demissões no setor de autopeças e na construção, mas houve um grande movimento de antecipação de férias coletivas no setor automotivo. E existe mais risco de demissões nesse segmento, mas só vamos saber o efeito no ano que vem", afirmou o economista.
O valor da folha de pagamento teve queda de 0,2% em outubro, outro reflexo da crise, tendo em vista a decisão das indústrias de reduzir horas extras. De janeiro a outubro, o aumento foi de 6,6%, e nos últimos 12 meses, também acumula alta de 6,6%. Mais uma vez, puxaram a alta os setores de meios de transporte (8,9%), máquinas e equipamentos (9,8%), minerais não-metálicos (21,1%).
Jornal Valor Econômico, edição de 11/12/2008.
quinta-feira, 11 de dezembro de 2008
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