Artigo do deputado Leo Alcântara publicado hoje no jornal O Estado
Trago à lembrança uma importante personalidade da cultura brasileira. Refiro-me ao cearense Raimundo Cela, brilhante gravador, pintor, aquarelista e desenhista, que tão bem retratou a paisagem nordestina em suas produções pictóricas. Por meio de traços expressivos e coloridos, consagrou motivos e tipos regionais do seu estado natal e, como gravador em metal, destacou-se como um dos melhores do Brasil.
Utilizando técnicas tradicionais do óleo, aquarela, lápis de cor e lápis preto, bico de pena, entre outras, o artista criou a feitura de estampas, técnica com que bem expressou seu enorme potencial artístico.
Nascido em Sobral, aos 19 de julho de 1890, filho de pai espanhol e mãe brasileira, Raimundo Brandão Cela transferiu-se em 1910 para o Rio de Janeiro com o objetivo de freqüentar o curso livre de pintura da Escola Nacional de Belas Artes. Em 1916, alcança a Pequena Medalha de Prata no Salão Nacional de Belas Artes e, no ano seguinte, vence o mesmo concurso e obtém o Prêmio de Viagem ao Exterior, com o qual segue para uma temporada de dois anos na Europa, principalmente em Paris. Em 1922 consegue o feito de realizar uma exposição individual no Salão dos Artistas Franceses e, no mesmo ano, estuda gravura em metal com o mestre inglês Frank Brasngwy.
Cela retorna ao Ceará em 1923 e, em 1939, volta a viver no Rio de Janeiro, onde começa a ensinar a arte da gravura em metal na Escola Nacional de Belas Artes. Dois anos depois, retorna à Fortaleza, onde faz exposição individual e também realiza, sob encomenda, o belo mural Ceia Larga, que se encontra exposto no refeitório dos Oficiais da Base Aérea da capital cearense.
Em 1954, ano em que infelizmente desapareceria, teve tempo de participar da exposição A Europa na Arte Brasileira. Mas o brilhantismo de Raimundo Cela não feneceu.
De modo especial, Cela dedicou-se a retratar a poesia dos pescadores e das jangadas espalhadas pelas praias do Ceará, mas isso não limitou sua genialidade, de acordo com importantes críticos de sua arte, para os quais o artista não buscou simplesmente imitar as paisagens representadas, mas aplicou-lhes movimento, força, além de uma beleza solene, luminosa.