Pesquisa realizada pelo Ministério da Saúde sobre o perfil das vítimas de acidentes e violências no País, aponta que os homens, entre 18 e 30 anos, são os maiores agressores e também as principais vítimas nessas situações.
De acordo com o levantamento, realizado em 84 unidades de atendimento, em 37 municípios, os homens são os que mais geram atendimentos nas urgências e emergências do Sistema Único de Saúde (SUS).
O levantamento traz ainda outros dados preocupantes. As mulheres e crianças são as principais vítimas de violência doméstica e sexual. E os idosos são agredidos, principalmente, pelos próprios filhos.
Os dados, coletados no período de 30 dias, entre setembro e outubro de 2007, integram o sistema de Vigilância de Violências e Acidentes (VIVA). Nesse período, do total de 5.488 notificações de pessoas vítimas de violências, que procuraram as unidades de urgências e emergências, 3.896 (71%) eram homens, apontados também como os maiores agressores, com 3.670 (74%) dos registros de agressões. Entre as mulheres, foram detectadas 1.592 vítimas de acidentes e violências (29%). A idade das vítimas preocupa o Ministério da Saúde.
O percentual de atendimentos varia de acordo com o perfil das unidades. No Hospital Souza Aguiar, no Rio de Janeiro, 18% dos atendimentos tiveram como causas acidentes e violência. Trata-se de um número considerado alto. No pronto-socorro de um hospital universitário de São Paulo, 1,5 mil pacientes são atendidos por dia.
Os números da pesquisa mostram que as agressões e maus-tratos geraram 73% das notificações. Como os casos de trauma são classificados como urgentes, os outros pacientes acabam sentindo as conseqüências. Entre as mulheres, foram 1.317 atendimentos (27%).
Com relação às notificações de violências doméstica, sexual e outras, coletadas por serviços de referência para esses casos, os dados apontam que o sexo feminino é a principal vítima das violências doméstica e sexual, da infância até a terceira idade. Seja qual for a faixa etária, são elas que mais sofrem com as agressões, principalmente nas fases da adolescência e adulta.
Do total de 8.918 notificações de atendimentos de violências doméstica, sexual e outras violências, 6.636 (74%) eram de vítimas do sexo feminino.
Separando por faixa etária, as mulheres adultas são as que mais sofrem violências, com 79,9% do total de agressões cometidas contra pessoas com idade entre 20 e 59 anos. Em seguida, estão as adolescentes, com 77,9% de atendimentos, e as mulheres acima de 60 anos (65,2%).
Ainda de acordo as notificações de violências doméstica, sexual e outras, a agressão sexual foi a principal causa de atendimentos a crianças com até nove anos, notificados pelos serviços de referência de violências. De acordo com as informações, dos 1.939 registros de violências contra crianças, 845 foram por agressões sexuais, o que representa 43,6% dos atendimentos.
Os dados do Ministério da Saúde também apontam que das 626 notificações de violências contra idosos, 338 foram de vítimas dos próprios filhos. O dado representa 54% de notificações das agressões a pessoas com 60 anos ou mais, dentro de casa.
Os dados correspondem aos atendimentos feitos em unidades de referência para vítimas de violências doméstica, sexual e outras, no período entre 1º de agosto e 31 de julho de 2007, em 27 municípios brasileiros.
Entre os tipos de agressões, a violência moral ou psicológica, aquela que fere a honra ou a intimidade, foi a mais relatada (55%), seguida da física (27%), do abandono (22%) e, por último, do dano financeiro ou patrimonial (21%).
A violência atrapalha a escola e o convívio social, só para citar duas de suas incontáveis conseqüências. Entendemos que só uma ação integrada permanente e de médio a longo prazo, pode melhorar este quadro nacional dramático.