O Brasil é e permanecerá como maior produtor e exportador de etanol e cana de açúcar, o que permitirá que determine os preços mundiais em 2017. A participação da cana-de-açúcar destinada à fabricação do biocombustível brasileiro passará de 51% em média, durante o período 2005-2007, para 66% nos próximos dez anos. Os dados fazem parte do relatório da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), divulgado nesta semana.
Segundo o documento, a participação do Brasil nas exportações mundiais de oleaginosas deve crescer dos atuais 30% para 40% em 2017, quando o País vai facilmente ultrapassar os Estados Unidos, como maior vendedor desses produtos no mundo.
O relatório prevê ainda que, graças à esperada alta de preços, haverá uma realocação de terras para o plantio de grãos mais rentáveis. Áreas antes destinadas a pastagens e novas técnicas agrícolas, permitirão ao mundo ampliar sua produção de oleaginosas em 28% até 2017. A maior parte dessa expansão, segundo o estudo, será concentrada em Brasil, Estados Unidos e Argentina.
Em 2017, a China será o segundo maior importador de óleos vegetais, atrás apenas dos Estados Unidos. A indústria de esmagamento de grãos chinesa deve crescer em média 3,5% ao ano daqui para frente, num ritmo um pouco mais lento do que os 8,5% anuais registrados nos últimos dez anos.
Ainda citando o Brasil, o relatório afirma que, graças a sua abundância de terras, à disponibilidade de capital e de tecnologia, o País deverá responder por 30% das exportações mundiais de carne em 2017.
Pelas projeções do relatório, a produção mundial de carnes deve crescer em média 2% ao ano, apesar da alta de custos, provocada pela disparada dos preços de soja e milho, que servem como ração animal.
Em média, segundo dados do Departamento Agrícola americano, para cada quilo de carne de frango, são necessários 2,6 quilos de ração. No caso dos suínos, a relação é de 6,5 quilos de ração para um quilo de carne. E, nos bovinos, de 7 para 1.
Um terço da alta dos produtos agrícolas, esperada para o período de 2008-2017, em relação aos dez anos anteriores virá da pressão dos biocombustíveis.
Ainda de acordo com o relatório da OCDE, os preços dos produtos agrícolas vão recuar progressivamente nos próximos dez anos, mas continuarão entre 10% e 50% acima dos valores da década passada. No caso de óleos vegetais, ressalta o texto, a alta pode chegar a 80%. Isso empurrará milhões de pessoas para a fome e a desnutrição, requerendo ajuda humanitária urgente.
Na terça-feira próxima, 3 de junho, a FAO reúne, em Roma, na Itália, 40 chefes de Estado e de governo, entre eles o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, para discutir a crise alimentar no mundo e medidas de emergência. Um dos temas são os biocombustíveis.
sexta-feira, 30 de maio de 2008
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