domingo, 25 de maio de 2008

Juventude e desemprego

O desemprego entre os jovens brasileiros, de 15 a 24 anos, é 3,5 vezes maior que entre os adultos com mais de 24 anos.

O índice vem aumentando, uma vez que em 1995 era de 2,9 vezes e em 1990, 2,8.

É o que mostra a pesquisa Juventude e políticas sociais no Brasil, organizada por Jorge Abrahão de Castro e Luseni Aquino, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

O estudo constata que a proporção de jovens entre o total de desempregados no Brasil (46,6%), no ano de 2005, é a mais alta entre os dez países pesquisados.

O México tem 40,4%, Argentina (39,6%), Reino Unido (38,6%), Suécia (33,3%), Estados Unidos (33,2%), Itália (25,9%), Espanha (25,6%), França (22,1%) e Alemanha (16,3%).

Os técnicos do Ipea constataram que o desemprego é maior entre os jovens porque são demitidos por um custo mais baixo para as empresas, e também porque elas os consideram menos "essenciais", devido à menor experiência. Além disso, o trauma de demitir trabalhadores mais velhos é maior.

Dados da Organização Internacional do Trabalho (OIT), mostram que nos países europeus e nos Estados Unidos, a taxa de desemprego dos jovens cresce nos anos 1980 e se estabiliza ou cai na década de 90.

Assim, a taxa de desocupação que era, em média de duas a três vezes superiores às de adultos, cai acentuadamente nos anos seguintes, pelo combinação do recuo do desemprego juvenil, com a queda da População Economicamente Ativa (PEA) jovem.

Já os países latino-americanos registraram, nos anos 90, um crescimento mais vigoroso do desemprego juvenil. E Argentina e Brasil, a taxa cresceu e se tornou mais alta do que o desemprego adulto do que em qualquer outro país.

O estudo analisa, ainda, os vários programas criados no Brasil para combater o desemprego juvenil, como Planfor, Primeiro Emprego, Consórcios da Juventude.

Segundo a pesquisa, o grande desafio é como torná-los atrativos para os empresários e principalmente para os jovens, já que, sobretudo, a partir dos 18 anos, aqueles das famílias de menor renda, são quase obrigados a deixar os cursos de treinamento (mal remunerados), quando surgem um emprego propriamente dito, o que prejudica a continuidade da formação profissional.

Infelizmente, a tendência é que o mercado de trabalho reproduza as hierarquias sociais preexistentes, confinando jovens de classe baixa em ocupações desvalorizadas e mal-remuneradas. Portanto, é fundamental que políticasde emprego desenvolvam estratégias destinadas a romper, e não a reforçar, as barreiras sociais que se colocam frente a estes jovens, afirmam os especialistas no texto.

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