quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Saneamento básico

Mais da metade dos brasileiros, 53% da população, não tem acesso a esgoto tratado. Nem todo mundo, porém, sente o problema da mesma maneira. São as crianças, com idade entre 1 e 6 anos, as maiores vítimas, segundo estudo divulgado ontem, 27, pela Fundação Getúlio Vargas (FGV).

A pesquisa, intitulada Trata Brasil: saneamento e saúde, mostra ainda que abortos espontâneos ocorrem com mais freqüência entre gestantes que não contam com serviços de esgoto.

O levantamento, encomendado pela recém-criada organização não-governamental Trata Brasil, cruzou dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares, da Pesquisa Nacional Por Amostra de Domicílios e dos censos demográficos dos últimos 17 anos para chegar aos resultados.

Um esquema matemático mostrou que as chances de um menino de 1 a 6 anos morrer, em função da falta de esgoto, é 24% maior que os riscos dos bebês com menos de 12 meses. Entre as mães que não contam com acesso a esgoto, o índice de probabilidade de um aborto espontâneo também é 24% maior, em relação às gestantes com acesso a saneamento básico.

Se o Brasil mantiver o mesmo ritmo de investimento dos últimos 14 anos na área, a universalização do sistema de esgoto tratado só se dará em 2.122, segundo o pesquisa.

Na previsão mais otimista do Governo, que anunciou investimentos da ordem de R$ 19 bilhões por ano em saneamento, até 2010, o acesso irrestrito será possível daqui a 20 anos. O prazo está longe da meta do milênio, recomendada pela Organização das Nações Unidas (ONU), de o Brasil levar saneamento a 85% da população até 2015.

O estudo mostrou que apenas 33% entre os que estudaram de um a três anos contam com serviço de esgoto. A taxa sobe para 70% se considerarmos a população com 12 anos de estudo ou mais.

Apenas 46,7% dos brasileiros têm acesso a esgoto tratado. São 25% maiores as chances de crianças com mais de 1 ano morrerem, em função da falta de saneamento, que as menores de 12 meses.

Se o ritmo de investimentos se mantiver no patamar dos últimos 14 anos, o Brasil universalizará o serviço de esgoto só em 2.122. A meta do Governo Federal, que reservou R$ 10 bilhões por ano, até 2010, para o setor, é oferecer a toda população saneamento básico em 20 anos.

Mais detalhes sobre esta pesquisa, no jornal Correio Braziliense, edição de 28/11/2007.

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