Neta terça-feira, 13 de maio, aprovamos o Projeto de Lei 7198/02, do Senado Federal, que concede anistia post mortem a João Cândido Felisberto, líder da chamada Revolta da Chibata, e aos demais participantes do movimento.A Revolta ocorreu em protesto contra os castigos físicos que eram impostos na Marinha brasileira, no início do século passado. Os marinheiros também reclamavam das condições de trabalho e dos alimentos estragados que lhes eram oferecidos.
A matéria voltará ao Senado Federal, por ter sido emendada. O objetivo do Projeto é restaurar os direitos que foram assegurados aos revoltosos pelo Decreto 2280, de 1910. Naquele ano, dois dias depois de publicada a anistia ao movimento, o Governo traiu o acordo tácito que deu origem ao Decreto. Promoveu demissões, prisões e castigos, que resultaram nas mortes de vários rebelados.
A anistia prevista no Projeto produzirá amplos efeitos, inclusive em relação às promoções a que teriam direito os anistiados, se tivessem permanecido em serviço ativo, e em relação ao benefício da pensão por morte.
Envolta em simbolismo, esta matéria aqui votada, tem como autora a Senadora Marina Silva (PT-AC), que, coincidentemente pediu demissão nesta terça-feira, 13, do cargo de Ministra do Meio Ambiente, que exercia desde 2003.
A Revolta da Chibata teve como conseqüência a abolição dos castigos físicos na Marinha. Em depoimento em 1968, João Cândido Felisberto relatou que não conseguia emprego e foi perseguido até na Marinha Mercante, tendo vivido da pesca por 40 anos. Ele ficou conhecido como Almirante Negro.
A Revolta teve início na madrugada de 23 de novembro de 1910, em resposta ao castigo de 250 chibatadas sofrido pelo marinheiro Marcelino Rodrigues de Menezes. Sob o comando de João Cândido, amotinaram-se as tripulações dos encouraçados Minas Gerais e São Paulo, como também dos cruzadores Barroso e Bahia, reunindo mais de dois mil revoltosos. A cidade do Rio de Janeiro, então capital da República, foi mantida por cinco dias sob a mira de canhões.
O nome de João Cândido representa uma luta pela dignidade humana.
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