segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Academia Brasileira de Letras

O dia 15 de dezembro de 1896 teve uma importância histórica para a Língua Portuguesa, escrita – e falada – no Brasil.

Fundava-se, na cidade do Rio de Janeiro, então Capital da República, a Academia Brasileira de Letras (ABL).

Comemoram-se, portanto, neste 2008, 112 anos de uma tradição importantíssima, que se firmou a partir da fundação daquele olimpo do saber.

No fim do século XIX, nasceu a idéia de uma academia voltada para as letras nacionais, nos moldes da Academia Francesa. Um grupo de notáveis, escritores de importância e sucesso, patrocinou a iniciativa, a princípio dentro da concepção de se transferir ao Estado alguma responsabilidade, em termos de organização e funcionamento, como forma de viabilizá-la.

Apesar do apoio oficial não se ter concretizado, a idéia não perdeu o ânimo. Ao contrário, os trabalhos ganharam cada vez mais força, até o momento decisivo da criação da Entidade, quando foi imediatamente aclamado, como Presidente, o escritor Machado de Assis.

Em 1923, o Governo francês doou à Academia Brasileira de Letras o Petit Trianon, réplica do de Versailles. O Petit Trianon brasileiro, por assim dizer, fora construído no ano anterior para abrigar o pavilhão da França, na Exposição Internacional, comemorativa do centenário da Independência do Brasil, no Rio de Janeiro.

Primeira sede própria da Academia, o prédio tornou-se um símbolo, presente em três séculos da vida cultural brasileira. É ali, no velho prédio da Avenida Presidente Wilson, n.º 203, que, até hoje, ocorrem as reuniões regulares dos acadêmicos e as sessões solenes comemorativas, assim como as sessões de posse de novos membros.

Ao lado do Petit Trianon, desde 1979 ergue-se o Palácio Austregésilo de Athayde, de estrutura arquitetônica moderna, onde atualmente se realizam as atividades culturais da ABL e onde se situam a Diretoria e a Biblioteca Rodolfo Garcia.

Seguindo o modelo da Academia Francesa, a ABL é constituída de quarenta membros efetivos e perpétuos. Além deste quadro, existem vinte membros correspondentes estrangeiros.

Os imortais, palavra que se tomou de peculiar significação substantiva, nos meios intelectuais brasileiros, e adotada em razão da expressiva força do legado literário que os acadêmicos deixam às gerações pósteras, os imortais, repito, são escolhidos por escrutínio secreto. Quando um acadêmico falece, a cadeira é declarada vaga, na Sessão de Saudade, e a partir de então os interessados dispõem de um mês para se candidatarem, através de carta enviada ao Presidente. A eleição transcorre três meses após a declaração da vaga. O novo Acadêmico envergará então, orgulhosamente, o tradicional fardão, oferecido pelo Governo de seu Estado natal.

Desde a fundação, a Academia Brasileira de Letras atribui-se como tarefa essencial o cultivo da língua portuguesa e da literatura nacional. A Casa de Machado de Assis tem, entre algumas de suas publicações regulares, a Revista Brasileira e obras dos acadêmicos, além de coleções e co-edições.

Empenha-se, no momento, em preparar o dicionário da língua, depois de se ter ocupado da organização do Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, o VOLPI.

Em 2008, Ano Nacional Machado de Assis, a Academia Brasileira de Letras vem prestando várias homenagens ao centenário de morte de Machado, com uma série de eventos públicos. De conferências a exposições, a Casa que leva o nome do maior escritor brasileiro, está transformada num centro de debates e estudos, à altura da grande importância que devemos à sua memória.

A ABL mostra-se, portanto, uma tradição viva, empenhada em veicular a cultura para além dos próprios limites, buscando integrar-se à sociedade e a todos quantos, seja pelas atividades exercidas, seja por interesse pessoal, estão atentos aos eventos promotores da literatura e das artes, em geral, no Brasil.

A Academia Brasileira de Letras conta com duas bibliotecas: a Biblioteca Acadêmica Lúcio de Mendonça, antiga Biblioteca Acadêmica, existente desde a fundação; e a Biblioteca Rodolfo Garcia, inaugurada em 2005, ao ter esgotada sua capacidade de armazenamento e guarda do acervo.

Esse acervo se formou graças às doações de coleções particulares de acadêmicos, de personalidades do mundo literário e cultural, e de bibliófilos, dele fazendo parte as primeiras edições de obras clássicas da literatura universal, além de um grande número de obras raras dos séculos XVI a XX.

Destacam-se a edição princeps de Os Lusíadas, de 1572, e um raríssimo exemplar das Rhythmas, impresso em Lisboa, no ano de 1595, de Luís de Camões.

A Biblioteca Acadêmica Lúcio de Mendonça atende aos acadêmicos e pesquisadores, com um acervo bibliográfico de aproximadamente 20.000 volumes. Instalada no 2º andar do Petit Trianon, ocupa uma área de 250m², dividida em três ambientes. Além de livros, possui um acervo museológico composto por móveis de época, esculturas e quadros de grandes pintores.

A Academia Brasileira de Letras vale uma – não, várias homenagens. Afinal, ao prestá-la será de quem homenageia o privilégio maior.

Registro aqui meus parabéns ao atual Presidente, Acadêmico Cícero Sandroni, na pessoa de quem concentro todo o meu entusiasmado apreço pela Instituição e o profundo respeito a todos que o antecederam e aos demais membros, que fizeram e fazem a glória da Academia Brasileira de Letras.

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