terça-feira, 18 de novembro de 2008

Trabalho

O rendimento do trabalho só deve voltar a ter o maior peso no total da renda nacional (PIB) em 2011. Ou seja, só 21 anos depois da piora da distribuição de renda no País. É o que indica a pesquisa divulgada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), com base nos mesmos dados Sistema de Contas Nacionais (SCN) e para a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad).

Segundo o estudo do Ipea, que analisa o período de 1990 a 2007, no início da série, o salário dos trabalhadores respondia por 53,4% da renda nacional. O rendimento dos proprietários e dos trabalhadores "mistos" representava 46,5%. Em 2007, a situação se inverteu, a renda dos assalariados representava 48,9% da renda nacional, enquanto os proprietários e mistos ficavam com 51,1%.

A pesquisa mostra que, nos últimos 17 anos, a evolução da desigualdade na repartição da renda apresentou quatro fases diferentes no Brasil. A primeira ocorreu entre 1990 e 1996, quando o rendimento do trabalho perdeu participação relativa no total da renda do país (-15,2%), enquanto a segunda fase houve elevação da parcela do trabalho entre 1996 e 2001 ( 5,4%).
A terceira fase de nova queda relativa na participação do rendimento do trabalho aconteceu entre 2001 e 2004, estimada em -3,1%. A partir de 2005, iniciou-se a quarta fase, com a expansão da parcela do trabalho na renda nacional ( 4% entre 2005 e 2006).

Segundo o relatório do Ipea, de 2001 a 2004, a expansão média anual da renda nacional foi de 3,2%, mesmo com a manifestação da crise energética (2001) e da ortodoxia das medidas de combate à inflação em 2003. Nessa fase, a parcela da renda do trabalho no total caiu 2,1%, enquanto a participação da renda da propriedade e mista aumentou de 52,3% do total em 2001 para 53,6% em 2004.

De 2005 a 2007, a renda nacional aumentou 4,2% como média anual, estimulada pelo crescimento do mercado interno e das exportações. Nesse período, o peso do rendimento do trabalho em relação à renda nacional voltou a se recuperar, sem atingir, contudo, a mesma situação já constatada em 1990 (53,4%). Em compensação, a parcela da renda da propriedade e mista no total caiu de 53,6%, em 2004 para 51,1% em 2007, como estimativa.

Em suas conclusões, o Ipea destaca que para haver melhora geral na distribuição da renda nacional, torna-se necessário que o aumento do peso relativo da parcela do trabalho na renda nacional (repartição funcional) ocorra simultaneamente à redução da desigualdade na repartição pessoal da renda do trabalho.

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