Desde 2001, por iniciativa do Comitê para Democratização da Informática (CDI), o último sábado do mês de março foi instituído como Dia da Inclusão Digital.
A cada ano, as comemorações que têm tido como propósito ampliar os debates sobre a importância do acesso das populações de baixa renda e públicos especiais às novas tecnologias.
Destaco aqui a importância de que participemos desse debate, façamos dele assunto comum a todos os brasileiros, despertemos a consciência nacional no sentido de que se construa, de modo efetivo, em cada recanto deste vasto País, o tripé Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs), renda e educação.
Afinal, esta é a única via possível para intensificar a luta pelo fim do apartheid digital que segrega, vitima, exclui inúmeros brasileiros e brasileiras, fortalecendo as desigualdades sociais no Brasil.
Segundo o Mapa de Exclusão Digital divulgado em 2003 pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), pouco mais de 10% dos brasileiros têm computador em suas residências e pouco mais de 8% encontram-se conectados à internet.
Isso indica que a exclusão digital se associa à herança persistente de desigualdade socioeconômica, exigindo ações integradas de amplo alcance, voltadas para a cidadania.
O governo brasileiro tem procurado garantir o acesso às TICs e aliá-las à geração de renda, via escola, principalmente. É fato que as ações desenvolvidas ainda não possuem o alcance desejado, mas o importante é que foram deflagradas e já existem resultados animadores.
Com o intuito de promover o acesso às tecnologias de informação e comunicação e ao acervo de informações e de conhecimentos, contribuindo para inclusão social dos cidadãos brasileiros, tem-se buscado disponibilizar os meios e instrumentos que efetivamente criem as condições necessárias e suficientes para que se amplie o acesso às TICs e para que elas sejam usadas como ferramentas de inclusão social.
Nesse sentido, tem-se procurado garantir a informatização da escola pública e a formação dos professores para atuarem como agentes de cidadania, no contexto da inclusão digital.
Por outro lado, tem sido sensivelmente ampliada a rede de Centros Federais de Informação Tecnológica (Cefet), e têm sido implantados Centros de Inclusão Digital (CID) e Núcleos de Informação e Tecnologia (NIT) em inúmeras localidades. Informadas, capacitadas, as pessoas começam a promover alterações substanciais nas comunidades, a promover a inclusão digital de outras pessoas e a gerar oportunidades de trabalho e de incremento de renda. O meu Estado, o Ceará, já reflete o sucesso dessas iniciativas.
Um dos projetos ali desenvolvidos vai representar o Brasil em intercâmbio de experiências com a África e a Índia. A escolha foi feita pelo público presente à 7ª Oficina para Inclusão Digital, realizada em Belém, entre os dias 4 e 7 de novembro do ano passado.
A experiência é da Cooperativa Pirambu Digital, que começou com um grupo de jovens que, após concluírem seus estudos no Cefet, resolveram retornar a sua comunidade, o bairro Pirambu, na periferia de Fortaleza, para criar serviços de acesso às tecnologias da informação. Para isso, formaram o chamado condomínio virtual, que oferece internet, computadores e treinamento para facilitar o acesso da comunidade à rede mundial de computadores.
Além disso, a Pirambu Digital oferece serviços de desenvolvimento de softwares, criação de sites, manutenção de computadores, criação de projetos de redes e implantação de projetos de inclusão digital, além de cursos de informática e inglês. Em contrapartida aos serviços utilizados, os usuários devem prestar serviços comunitários.
A relevância do trabalho do grupo se acentua, se considerarmos que aquela comunidade possui 350 mil habitantes e é conhecida pelos altos índices de violência e baixo desenvolvimento social.
Durante o intercâmbio, além de demonstrar o experimento brasileiro, os participantes do projeto poderão receber representantes de iniciativas indianas e africanas de sucesso, para troca de experiências, e poderão, inclusive, viajar até lá para conhecer de perto as soluções locais encontradas para promover a inclusão digital.
Conhecer as tecnologias desenvolvidas pela Índia, maior exportadora de softwares do mundo, onde existem desigualdades sociais gigantescas, discutir as dificuldades enfrentadas na África, saber o que acontece nessas nações, pode desvelar similaridades e diferenças que muito ajudarão a enfrentar os problemas aqui enfrentados.
Por outro lado, a experiência brasileira muito pode contribuir para que se criem soluções que integrem inclusão digital e cidadania naqueles países. Resolver os problemas planetários, mais que nunca, envolve múltiplos atores.
sábado, 28 de março de 2009
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