quinta-feira, 10 de abril de 2008

Grupo dos 77

A participação do Brasil na 12ª Reunião da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (Unctad), que será realizada em Accra, Gana, entre 20 e 25 de abril próximo, deve ser marcada pela defesa de um acordo sobre metas de desenvolvimento para países que integram o Grupo dos 77.

O Grupo foi criado em 1964, quando 77 países em desenvolvimento adotaram, na conclusão da 1ª Conferência da Unctad, uma declaração conjunta. O Grupo dos 77 afirma ser comprometido com o desenvolvimento internacional conjunto e com os compromissos multilaterais, incluindo as iniciativas voltadas para erradicação da pobreza.

Porta-voz desse grupo de países em desenvolvimento, o Brasil vai defender, em Accra, um posicionamento da Conferência sobre questões importantes da economia mundial, de modo a influenciar nas negociações da rodada de Doha, da Organização Mundial do Comércio (OMC), que devem ser concluídas nos próximos meses. A rodada de Doha visa diminuir as barreiras comerciais em todo o mundo, com foco no livre comércio para os países em desenvolvimento.

O Diretor do Departamento Econômico do Ministério das Relações Exteriores, Ministro Carlos Márcio Bicalho Cozendey, acredita no sucesso da Conferência, apesar de reconhecer que a Unctad deixou de ser um espaço de negociações para se tornar um fórum de reflexão e debates.

A Unctad não é o G-77, portanto precisamos buscar o consenso com os países ricos, para que as posições assumidas em Accra possam ser implementadas, disse Cozendey. Ele lembra que a Unctad nunca negociou regras sobre o comércio mundial, no máximo códigos, mas isso não impede, em sua avaliação, que a Reunião possa gerar impactos na rodada de Doha, que terá mais um encontro de negociação no mês de maio, em Genebra, na Suíça.

Já a representante da Rede Brasileira Pela Integração dos Povos, Iara Pietricovisky, lembra que a própria ONU vem perdendo valor e capacidade de intervir nas relações entre os países ricos e em desenvolvimento, e que a Unctad também vem perdendo influência.

Iara Pietricovisky acredita que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai exercer em Accra o mesmo papel que exerceu aqui no Brasil, em 2004, quando foi realizada a 11ª reunião da Unctad. Uma presença mais ativa do presidente Lula pode criar possibilidades de entendimento, disse. Como contraponto a esse esvaziamento da entidade, ela lembra que, pela primeira vez em mais de 40 anos da Unctad, a sociedade civil organizada vai realizar um evento paralelo à Conferência, também em Accra.

Nenhum comentário: