Ainda há 14 milhões de brasileiros que sofrem de insegurança alimentar grave. Ou seja, não têm qualquer garantia de fazer as três refeições diárias, em quantidade e qualidade suficientes.
Em Gameleira, na zona da mata pernambucana, por exemplo, 88% da população vivem esse drama. É o caso de Edileide Maria de Almeida, 29 anos e sete filhos. Não tem emprego, Bolsa Família, nem comida regularmente. Vive de doações de alimentos, que se resumem ao arroz, feijão, macarrão, fubá. Mas, a cada refeição, só tem dois desses itens. Muitas vezes, um só.
Edileide é parte da pesquisa feita em Gameleira, que será encaminhada pelo Departamento de Nutrição da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), em setembro próximo, quando será comemorado o centenário de nascimento do médico-geógrafo Josué de Castro, que em 1946 decidiu escrever sobre a fome, que resultou na renomada obra Geografia da Fome.
O Coordenador da pesquisa, Pedro Israel de Lira, diz que o déficit de altura e peso nas crianças, em Gameleira, é de 14% e 7%, respectivamente, quando o padrão aceito internacionalmente é de 2,3%.
O Município forma um triângulo com Ribeirão e Água Preta, onde, nos anos 70, o cientista Nelson Chaves já denunciava o surgimento de uma geração de "nanicos". Três décadas depois, Gameleira ostenta um Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de 0,590, bem abaixo da média nacional (0,800).
Saiba mais sobre esta matéria no jornal O Globo, edição de 26/08/2008.
terça-feira, 26 de agosto de 2008
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