sábado, 10 de maio de 2008

O último boêmio do Ceará

Lembro o nascimento, em 10 de maio de 1891, de um dos maiores intelectuais do Estado do Ceará.

Refiro-me a Leonardo Mota, que desempenhou as diversas funções de escritor, professor, advogado, promotor de justiça, secretário de governo, tabelião, jornalista e historiador.

Em 1916, tendo concluído a Faculdade de Direito em Fortaleza, em seguida foi nomeado promotor público de Ipu, no Ceará. Alguns anos depois, na Capital cearense, tornou-se Diretor da Gazeta Oficial e redator do Correio do Ceará.

Todavia, apesar da multiplicidade de atividades desenvolvidas, Leonardo Mota ficou efetivamente conhecido pelo interesse demonstrado na valorização e divulgação da sabedoria sertaneja, motivo pelo qual passou a ser muito requisitado a proferir palestras para estudiosos e interessados no folclore regional.

Nas relações de amizade, também se deixava tomar pelos conhecimentos adquiridos nessa área, de maneira que alcançou a fama de animador de rodas de amigos e intelectuais que ocupavam a Praça do Ferreira, em Fortaleza, para ouví-lo declamar versos, contar histórias e pequenas anedotas.

Tendo percorrido grande parte do sertão nordestino com o objetivo de recolher material, o último boêmio do Ceará ou judeu errante do folclore nacional – como gostava de se auto-intitular –, publicou os livros Cantadores (1921), Violeiros do Norte (1925), Sertão alegre (1928), No tempo de Lampião (1930), Prosa vadia (1932), Padaria Espiritual (1938), além de muitos artigos que foram reunidos por seus filhos, sob o título de Adagiário brasileiro.

O grande Leonardo Mota faleceu em 2 de janeiro de 1948. Em janeiro deste ano, transcorreu o sexagésimo aniversário de morte desse grande folclorista, que, como poucos, soube retratar a alma sertaneja, especialmente em razão de suas andanças pelo interior, dedicação tal que lhe valeu a alcunha de embaixador do sertão.

Membro da Academia Cearense de Letras e do Instituto do Ceará, Leonardo Mota não usufruiu os benefícios da fama celebrada pela mídia como hoje a conhecemos. Não que ele os buscasse. Mas, sua sede pela cultura regional fez com que as manifestações folclóricas por ele descritas ganhassem caráter indelével no imaginário cearense e também nacional.

Vale celebrar o cearense Leonardo Mota, que, do alto de sua dedicação e múltipla avidez pela produção folclórica regional, destacou-se por sua posição de vanguarda.

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