Há 97 anos, em 17 de novembro de 1910, nascia em Fortaleza, Rachel de Queiroz.
Nascida na Capital, amava o interior, onde passou extensas temporadas quando menina, tanto em Quixadá quanto em Guaramiranga, para não falar no sitio do Pici, que, na época, era bem distante.
Frugal, quando o assunto era construir sentenças, Rachel evitava falas longas e fastidiosas, bem como adjetivos e sentimentalidades.
Sua fala mansa produzia frases enxutas em que a auto-ironia era distribuída com parcimônia, em alocuções sinceras e bem humoradas, sem qualquer afetação.
Conscientemente, a escritora cearense substitui a expressão de uma sensibilidade romanesca por um monólogo cheio de viço, graça e desembaraço, sem resquícios de presunção ou amaneiramento fátuo. Tudo simples, como dois mais dois. Tudo belo, como a descrição do sertão n' O Quinze.
Orgulhosa de seu ofício, Rachel era, no entanto, avessa à vaidade acadêmica, não se deixando arrebatar por grandes vôos teóricos.
Seus livros, que tanto falam da miséria dos despossuídos, foram escritos com base no que viveu.
Proprietária da fazenda Não me Deixes, em Quixadá, onde aportava regulamente, Rachel perscrutava o céu e, como todo mundo, torcia por um bom inverno, quando tudo muda no sertão.
Na fazenda quixadense tinha sempre água no pote, doce no tacho, enormes panelas de barro e ferro. Sabia cozinhar.
Brasílica, brasiliense, brasiliana, brasileira: a Rachel de Queiroz louvada por Manuel Bandeira foi antes de tudo nordestina.
O bafejo quente do sertão, seu verdor em época de chuva, o luar prateado sobre a terra nua e o mormaço das longas tardes, são imagens e sensações que nunca abandonaram a escritora migrante. E que ela jamais deixou de registrar em reiteradas declarações de amor.
Essa é a nossa sempre Rachel.
sábado, 17 de novembro de 2007
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