sábado, 4 de abril de 2009

Rubéola

Gostaria de compartilhar meu entusiasmo com os resultados obtidos pelo Brasil na recente Campanha Nacional de Vacinação contra a Rubéola.

O desempenho brasileiro foi elogiado pela Organização Panamericana de Saúde (OPAS), que considera a ação “sem precedentes”, em virtude da mobilização expressiva e da cobertura maciça que atingiu.

No ano de 2003 ocorreu reunião de todos os países das Américas, quando foi firmado o compromisso de eliminar a rubéola e a síndrome da rubéola congênita até 2010. A decisão foi reafirmada em 2007 por meio de Resolução.

A rubéola não causa grandes problemas para a pessoa, exceto se acometer uma mulher grávida. Trata-se de virose que se apresenta com manchas vermelhas no corpo, febre, aumento de gânglios e alguns sintomas vagos semelhantes à gripe, como coriza, dores na cabeça, tosse ou conjuntivite, às vezes, dores articulares. Mais de metade dos casos são assintomáticos.

O problema se torna sério quando a gestante contrai o vírus, principalmente se estiver no primeiro trimestre da gravidez, fase em que se dá a embriogênese. As consequências para o feto são dramáticas. Podem ocorrer, além de abortos, diversas malformações, como microftalmia, catarata ou glaucoma congênitos, surdez, cardiopatias graves como persistência do canal arterial, estenose aórtica e pulmonar, retardo mental e microcefalia. Quando incide em fases mais tardias da gravidez, as manifestações tendem a ser mais discretas.

Há um risco grande de transmissão de bebês portadores da Síndrome da Rubéola Congênita (que podem transmitir o vírus até um ano após o nascimento) ou de doentes assintomáticos para as mulheres grávidas suscetíveis.

As ações empreendidas na rotina são a vacinação de crianças com a vacina tríplice viral aos 12 meses de idade, com reforço entre 4 e 6 anos. É feita a vigilância dos casos e a vacinação de bloqueio. No Brasil, a maior parte dos casos atingiu pessoas de 12 a 29 anos, do sexo masculino, sendo que a maior incidência ocorreu na faixa de 20 a 29 anos.

No entanto, além da persistência da transmissão, a partir de 2006 foram notificados surtos em estados brasileiros, o que aponta a falta de controle adequado da doença. Em 2007, os quase nove mil casos ocorreram em vinte estados, entre eles o Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Santa Catarina, Paraná e Paraíba. No transcorrer destes surtos, o Ministério da Saúde estima o risco de ocorrência da Síndrome da Rubéola Congênita em 4,3 crianças de cada mil nascidas vivas.

Diante deste quadro, e em resposta ao compromisso de eliminação da rubéola e da Síndrome da Rubéola Congênita para o ano de 2010, determinou-se a vacinação de pessoas de 12 a 39 anos. A meta de vacinar perto de setenta milhões de pessoas foi atingida em quase 96%. Cerca de trinta e cinco milhões de mulheres e trinta e três milhões de homens receberam a vacina.

Disse o Ministro da Saúde, José Gomes Temporão, que esta foi a maior campanha de vacinação de adultos no mundo. Acompanharam as estratégias observadores da Índia e da China, que pretendem desenvolver ações semelhantes.

Para alcançar objetivo tão ambicioso, foi necessária a ação enérgica de todas as Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde, que demonstrou a união do Brasil em torno de objetivos da saúde pública.

Espera-se para o ano de 2009 que não existam mais casos autóctones de rubéola, e que em 2010 não haja mais nenhuma manifestação da síndrome da rubéola congênita.

O reconhecimento do sucesso da campanha de vacinação pela Organização Panamericana de Saúde (OPAS) é o primeiro passo para o País obter o certificado de eliminação da circulação do vírus.

Este caso ilustra o compromisso de todos os níveis de governo com os pressupostos constitucionais de proporcionar aos cidadãos uma proteção cada vez mais ampla para a saúde individual e coletiva.

A união demonstrada reforça a constatação de que o Sistema Único de Saúde (SUS) é uma realidade que se firma cada dia mais profundamente na sociedade brasileira. Demonstra, ainda, a possibilidade concreta de se obter resultado igualmente impressionante nas mais diversas ações adotadas no SUS. Depende da vontade de fazer.

Assim, além de congratular os gestores que, unidos, alcançaram esta conquista, compartilho com vocês a alegria deste gratificante resultado na área da saúde pública brasileira.

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