segunda-feira, 7 de julho de 2008

Mulheres Brasileiras

Uma pesquisa divulgada quinta-feira passada, 3, mostra que, em dez anos, mais mulheres brasileiras decidiram iniciar a vida sexual mais cedo e, por ter mais acesso a métodos contraceptivos, passaram também a ter menos filhos.

A Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde de 2006 (PNDS), foi financiada pelo Ministério da Saúde e realizada com 15 mil mulheres em idade fértil (15 a 49 anos) e 5 mil crianças com até 5 anos, entre novembro de 2006 e maio de 2007.

A pesquisa mostrou também que cresceu, no período, o acesso aos serviços de saúde, assistência médico-hospitalar, medicamentos e métodos contraceptivos. A redução em mais de 50% da desnutrição das crianças menores de cinco anos, de 1996 a 2006, somada a medidas educativas de hidratação oral e higiene, contribuiu, segundo o Ministério da Saúde, para uma queda de 44% na mortalidade infantil.

Por outro lado, os dados mostram que o excesso de peso e a obesidade cresceram entre as mulheres brasileiras. Em 1996, 34,2% delas tinham excesso de peso. Dez anos depois, esse percentual foi elevado para 43%, resultando num aumento de 25% no período.

No caso da obesidade, o crescimento foi maior: 64% em dez anos. Mulheres obesas representavam 9,7% da população em idade fértil, em 1996. Em 2006, esse percentual aumentou para 16%.

Ainda de acordo com a pesquisa, quanto maior o tempo de estudo, menor é o percentual de brasileiras com excesso de peso e circunferência da cintura acima de 80cm. A circunferência da cintura, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), também indica o estado nutricional de adultos, pois está associada a doenças crônicas, entre elas, cardiovasculares e diabetes. Há risco se está acima de 80cm em mulheres. Quando ultrapassa 88cm, o risco é muito elevado. A PNDS revela que 52,3% das mulheres estão com 80 cm ou mais. E entre aquelas com mais de 88 cm, o percentual é de 29,8%.

O levantamento revela que em 1996, 11% das entrevistadas informaram ter tido a primeira relação sexual aos 15 anos. Dez anos depois, esse índice subiu para 32,6% das mulheres. Ao mesmo tempo, o total de jovens entre 15 e 19 anos, que se declararam virgens, caiu de 67,2% em 1996 para 44,8% em 2006. Entre as mulheres com idades de 45 a 49 anos, que nunca tiveram relação sexual, o índice atingiu 0,8% em 2006, contra 3,6% em 1996.

A precocidade na vida sexual resultou no rejuvenescimento do padrão reprodutivo. Em 1996, a média de idade para o primeiro filho era de 22,4 anos, enquanto que, em 2006, passou a ser de 21 anos. O percentual de meninas grávidas aos 15 anos também subiu, passando de 3% para 5,8%.

A pesquisa revela ainda que a média de filhos por mulher brasileira, saiu de 2,5 para 1,8, entre 1996 e 2006. No mesmo período, o percentual de mulheres que utilizam o Sistema Único de Saúde (SUS), como fonte de acesso a pílulas anticoncepcionais, praticamente triplicou. Entre 1996 e 2006, o percentual de mulheres que recorrem ao SUS para adquirir contraceptivos saltou de 7,8% para 21,3%. Em 2006, para 25,1% das mulheres, o SUS foi apontado como a principal fonte para obtenção de preservativos masculinos.

A ampliação do acesso a métodos contraceptivos levou à queda do número de cirurgias de esterilização em mulheres (de 27,3% para 21,8% no período em questão). A maioria desses procedimentos é realizada no Sistema Único de Saúde, onde também houve queda - em 1996, 70,9% dessas cirurgias eram realizadas na rede pública. Dez anos depois, o percentual caiu para 63,6%.

Ao mesmo tempo, a participação dos homens na anticoncepção, com a esterilização masculina, dobrou nesses dez anos, passando de 1,6% para 3,3%. O uso do preservativo e a esterilização masculina são maiores no grupo de mulheres com mais de 12 anos de estudo. Nesta faixa, 11% apontam a esterilização como método contraceptivo, e 16%, o uso do preservativo. Em mulheres sem estudo, esses percentuais são de 0,4% e 6,6%, respectivamente.

Segundo a pesquisa, houve um salto importante no percentual de mulheres que passaram a realizar a primeira consulta pré-natal, nos três primeiros meses de gestação. O percentual saltou de 66% para 82,5% das gestantes. Na região Nordeste, o aumento na realização de consultas pré-natal, pelas mulheres, foi o mais expressivo: mais de 97% das mulheres em 2006, contra 74% em 1996.

Diante destes resultados, constatamos que as políticas públicas de saúde no Brasil sofreram uma evolução positiva.

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