O nível do mar, em uma escala planetária, poderá subir, em média, o dobro do que os cientistas do IPCC, o painel do clima da Organização da Nações Unidas(ONU), previram para o atual século.
A afirmação vem de um grupo de cientistas que publicou seus resultados na edição de hoje da revista científica Nature Geoscience. Eles estudaram o passado, mais precisamente um período de tempo de 5.000 anos, quando a Terra também teve um clima bastante quente.
Os cientistas do IPCC, após rodarem seus modelos matemáticos, calcularam uma média de aumento para o nível do mar, até o fim do século 21, de 80 centímetros. Porém, o estudo feito agora, chegou a uma medida que é exatamente 100% maior do que a anterior: 1,6 metro. A estimativa foi feita com base na análise de um dos chamados períodos interglaciais, que vai de 119 mil anos a 124 mil anos atrás.
Naquele tempo, por causa de uma alteração na órbita do planeta em relação ao Sol, o clima da Terra era mais quente do que o registrado hoje. O nível do mar, segundo os cálculos dos cientistas, subiu 6 metros em relação ao nível atual. O derretimento do gelo que cobria o território da Groenlândia e da Antártida foi o grande protagonista da alteração do nível do mar.
A medida obtida pelo pesquisador, de 1,6 metro, foi calculada para cada um dos séculos do chamado período interglacial. No caso da Groenlândia, a temperatura pretérita do ar, segundo o estudo, estava entre 3C e 5C mais quente do que é hoje. É exatamente essa a diferença que os modelos climáticos calculam que existirá na mesma região, entre 2050 e 2100. Cenário que pode provocar as mesmas conseqüências do passado.
A única dúvida, explicam os cientistas, é em relação a velocidade do derretimento. Nenhum modelo usado até agora conseguiu prever uma mudança no fluxo do descongelamento tão rápida como no passado. Porém, explicam os pesquisadores, essas modelagens não levam em conta vários processos dinâmicos que estão sendo observados em campo.
segunda-feira, 17 de dezembro de 2007
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