Em uma decisão histórica, a nova Assembléia Constituinte do Nepal proclamou, nesta semana, o fim do regime monárquico e a instauração da República no País, pondo fim aos 240 anos da única monarquia hinduísta no mundo.A declaração foi uma vitória dos maoístas republicanos, que há mais de 10 anos lutavam para mudar o regime, principalmente após a chegada ao trono do impopular rei Gyanendra.
A proclamação da república só foi possível sem golpe de Estado ou revolução porque os maoístas conquistaram a maioria das cadeiras da Assembléia Constituinte nas eleições de abril, o que atraiu o interesse de outros partidos para a formação de uma ampla coalização que isolou o rei.
Analistas davam por certo o fim do regime na primeira votação e muitos monarquistas nos últimos meses retiraram seu apoio ao regime. Os números comprovam a força dos reformadores: 560 dos 601 membros da Assembléia votaram a favor da resolução, enquanto só se pronunciaram contra os quatro representantes do Partido Monárquico.
Os maoístas do Nepal, republicanos, combateram durante 10 anos o impopular rei Gyanendra, conquistando a maioria das cadeiras da Assembléia Constitucional nas eleições de abril.
A formação da Assembléia Constitucional faz parte dos acordos de paz entre os partidos políticos nepaleses e os rebeldes maoístas, que puseram fim a uma guerra civil na qual morreram 13 mil pessoas.
A queda do rei Gyanendra marcará o fim da única monarquia hinduísta do mundo. Considerado por seus partidários a encarnação do deus Visnu, chegou ao trono em 2001, após o bárbaro assassinato de nove membros da família real pelo príncipe herdeiro que, em seguida, se suicidou, ao que parece sob efeito de drogas e álcool.
A impopularidade do monarca chegou ao fundo do poço quando destituiu o governo e se concedeu poderes absolutos em fevereiro de 2005. Isso levou os principais partidos políticos nepaleses a se aliarem aos rebeldes maoístas, seus inimigos históricos, para concluir um acordo de paz em 2006.
Segundo fontes diplomáticas ocidentais, Gyanendra teria recebido um ultimato para deixar o País em até 48 horas e estaria se preparando para viajar. Seu destino ainda é desconhecido.
Nas ruas da capital Katmandu, milhares de opositores do regime monárquico fizeram festa assim que a Assembléia proclamou a república. O Primeiro-Ministro Girija Prasad Koirala decretou feriado nacional pelos próximos dois dias.
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