terça-feira, 18 de março de 2008

Tibete

O Dalai Lama disse nesta terça-feira,18, que vai renunciar à liderança do Governo tibetano no exílio, se a violência ficar fora de controle no Tibete. Horas antes, ele foi acusado pelo Primeiro-Ministro da China, Wen Jiabao, de orquestrar as manifestações em que dezenas de pessoas teriam morrido.

O Premier disse que os seguidores do líder espiritual budista estão tentando incitar a sabotagem aos Jogos Olímpicos de Pequim, que começam em menos de cinco meses. O Governo tibetano no exílio afirmou que o com a morte de mais 19 manifestantes, o número de mortos durante os protestos por democracia no Tibete, iniciados no último dia 10, já chega a 99.

Se a situação fugir do controle, então, minha única opção é a renúncia, disse o Dalai Lama, em entrevista coletiva na cidade de Dharamsala, no norte da Ìndia, onde vive exilado.

O líder, que diz defender a autonomia do Tibete dentro da China, mas não a independência, pediu calma aos tibetanos. Segundo seu porta-voz, Tenzin Takhla, o Dalai Lama se referia a seu papel político. O porta-voz disse que se os tibetanos escolherem o caminho da violência, ele terá que renunciar porque ele é completamente comprometido com a não-violência. Ele renunciaria como líder político e chefe de Estado, mas não como Dalai Lama. Ele será sempre o Dalai Lama, disse Takhla.

Horas antes, o premier da China chamou o Dalai Lama e seus seguidores de hipócritas por, supostamente, defenderem o diálogo pacífico e ao mesmo tempo estimular atos violentos. Wen Jiabao acusou o líder espiritual tibetano de ter organizado os protestos em Lhasa, capital do Tibete.

Em discurso na manhã desta terça-feira, durante o encerramento anual do Congresso Popular da China, o premier também taxou de mentira a acusação do Dalai Lama, de que o Exército chinês estaria realizando um genocídio cultural.

Na única entrevista coletiva que concede no ano, o Primeiro-Ministro usou um tom mais severo do que o habitual, ao assegurar que a região do Tibete, desde sua pacífica libertação (em 1950), e, especialmente desde as reformas econômicas, avançou e se desenvolveu.

O Premier destacou que a China continuará apoiando o desenvolvimento e o progresso do Tibete, e a melhora das pessoas de todas as etnias, assegurando que nada ofuscará a posição chinesa.

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