segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Ceará: Para Encerrar 2008

Com base no estudo Contas Regionais do Brasil 2003-2006, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), faço uma breve descrição dos principais indicadores pesquisados, particularizando o Ceará, época em que o médico Lúcio Alcântara (foto) era Governador do Estado.

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) elaborou estimativas do Produto Interno Bruto (PIB), de cada Unidade da Federação, apresentando resultados dos anos de 2003 a 2006. Com base nestas informações, cito as principais características econômicas divulgadas para o período, relativas ao desempenho econômico do Estado do Ceará, de forma resumida.

1. Produto Interno Bruto (PIB)
O PIB do Estado do Ceará, no ano de 2006, atingiu a R$ 46,310 bilhões, o da Região Nordeste R$ 311,175 bilhões e do Brasil R$ 2,369 trilhões, significando que o Ceará representou 1,95% da economia nacional e 14,88% da economia nordestina naquele ano. Vale notar que a participação relativa do Estado, no período 2003 a 2006, se manteve praticamente constante em relação à economia nordestina, que também experimentou um crescimento acentuado no período, mas ambos experimentaram um pequeno aumento na participação relativa em relação à economia brasileira como um todo.

2. Taxa de Crescimento Econômico
O Estado do Ceará, entre o ano de 2005 e 2006, experimentou uma variação real anual percentual do PIB, de 8,0%, a maior entre todos os estados da Federação. Neste mesmo período, o crescimento médio do Brasil foi de 4,0%, enquanto o da Região Nordeste foi de 4,8%, o melhor desempenho regional, junto com a Região Norte.

3. Produto Interno Bruto per capita
No que tange ao Produto Interno Bruto per capita, isto é, o PIB proporcional à população, o Estado do Ceará apresentou elevação substancial ao longo do período, passando de R$ 4.145, em 2003, para R$ 4.622, em 2004, R$ 5.055, em 2005 e R$ 5.636, em 2006, o que representou um crescimento de 11,5% entre 2003 e 2004, 9,4% entre 2004 e 2005 e 11,5% entre 2005 e 2006.

O Produto Interno Bruto a preços correntes é o Valor Adicionado bruto a preços de mercado acrescido dos impostos sobre produtos, líquidos de subsídios.

Não obstante essa nítida evolução dos indicadores per capita, em termos relativos, o Estado do Ceará, em 2006, ainda estava abaixo da média da Região Nordeste, com R$ 6.029, e da média nacional, com R$ 12.688. No entanto, o crescimento da renda per capita cearense, no período 2003/2006, ficou acima da média nacional, apesar de ligeiramente inferior à média nordestina.

Tais resultados devem ter em conta que o crescimento da população cearense no período, de cerca de 4,6%, foi substancialmente superior à média nordestina, de 3,6% e à média nacional, de 4,3%.

4. Variação Acumulada de Volume do PIB – 2003/2006
Em termos acumulados, é possível concluir, dos resultados do IBGE, que o desempenho extraordinário da economia cearense, atingindo o maior índice de crescimento brasileiro, entre 2005 e 2006, não se repetiu nos anos anteriores. De fato, tomado como base o ano de 2002, o crescimento acumulado do Estado do Ceará até 2006, atingiu 18,0% equivalente à média nordestina.

5. Desempenho Setorial
A participação setorial na economia cearense foi descrita para os anos de 2003 a 2006, através dos percentuais relativos dos setores das Contas Nacionais em relação ao total do valor adicionado bruto estadual. Destacam-se as seguintes informações:

a. os setores de maior peso relativo em 2006 foram: Administração, saúde e educação públicas (21,1%), Comércio e serviços de manutenção e reparação (14,4%), Indústrias de transformação (12,4%), Atividades imobiliárias e aluguel (8,6%), Produção e distribuição de gás, água e
esgoto e limpeza urbana (5,6%), Intermediação financeira, seguros e previdência complementar (5,2%), Agricultura, silvicultura e exploração florestal (5,1%) e Construção (4,8%);

b. desses principais setores, houve nítido crescimento relativo, no período 2003/2006, dos setores de comércio e serviços de manutenção e reparação, construção e indústria extrativa
mineral, enquanto houve retração relativa de atividades imobiliárias e aluguéis e de indústrias de transformação, sendo que a participação relativa do setor mais importante, administração, saúde e educação públicas, manteve-se praticamente inalterada, em torno de 26% do total;

c. o setor de agricultura, silvicultura e exploração florestal teve forte redução de participação relativa no ano de 2005, caindo de 3,5% para 2,4%, mas, no ano de 2006, teve grande recuperação, voltando a 2,9% do total, o que representou o maior crescimento de participação relativa no biênio 2005/2006. De fato, entre 2005 e 2006, o setor cresceu 53,7% em termos absolutos;

d. no período em que o Estado do Ceará apresentou a maior taxa de crescimento do País, entre 2005 e 2006, a contribuição desagregada setorial para esse crescimento foi: Agricultura, silvicultura e exploração florestal (53,7%), Pecuária e pesca (4,4%), Indústria extrativa mineral (0.5%), Indústrias de transformação (4,4%), Construção (12,4%), Produção e distribuição de eletricidade, e gás, água, esgoto e limpeza urbana (1,8%), Comércio e serviços de manutenção e reparação (12,1%), Serviços de alojamento e alimentação (7,3%), Transportes, armazenagem e correio (6,5%), Serviços de informação (2,4%), Intermediação financeira, seguros e previdência complementar (13,8%), Serviços prestados às famílias e associativos (3,0%), Serviços prestados a empresas (8,9%), Atividades imobiliárias e aluguel (1,9%), Administração, saúde e educação públicas (4,1%), Saúde e educação mercantis (0,6%), Serviços domésticos (5,5%).

6. Conclusões
O desempenho da economia cearense no período pesquisado foi muito bom, superando a média nacional, mas teve oscilações significativas. Em particular entre 2005 e 2006, o Estado do Ceará apresentou taxa de crescimento do PIB da ordem de 8,0%, o dobro da média nacional e a maior do País.

Chama particularmente a atenção o desempenho do setor de agricultura, silvicultura e exploração florestal no período, uma vez que teve forte queda de produção entre 2003 e 2004, mas apresentou uma recuperação extraordinária entre 2005 e 2006, com 53,7% de crescimento.

É interessante destacar que o setor de maior peso relativo na economia cearense, é o setor de administração, saúde e educação públicas, representando cerca de 21% da economia cearense, valor que supera a média nacional, que gira em torno de 15%. Por outro lado, o setor de indústrias de transformação representa 12% da economia cearense, enquanto a média nacional é de 18% no período.

Vale ressaltar que o processo de desenvolvimento do Estado do Ceará demontra uma substancial diversificação setorial e, apesar do setor público ainda ser muito representativo, há setores importantes que estão em franco desenvolvimento e já representam mais de 5% da economia estadual.

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