O 1º de maio, data comemorativa internacional, constitui uma boa oportunidade para que se reflita sobre os diversos aspectos do acesso dos cidadãos ao mercado de trabalho.
É uma questão da maior importância, pois muitos segmentos da sociedade sequer são, de fato, avaliados em sua busca de emprego: deparam-se, previamente, com barreiras relacionadas ao nível de instrução, à capacitação profissional, à idade e, como mostram diversos estudos, até à discriminação por gênero ou raça.
Estima-se que, apenas para atender os interessados em ingressar no mercado de trabalho, o Brasil precisa criar 1,2 milhão de novas vagas ao ano. É um número alto, e, para ser alcançado, depende de crescimento econômico expressivo; como isso não deverá ocorrer este ano, temos aí um primeiro problema a considerar, que diz respeito, essencialmente, aos jovens, principais candidatos ao primeiro emprego.
Pesquisa realizada pelo Sindicato das Entidades Mantenedoras de Estabelecimentos de Ensino Superior no Estado de São Paulo, constatou que fazer faculdade, pública ou particular, representa uma boa diferença no mercado de trabalho. Naquele estado, 72% dos jovens recém-saídos das instituições acadêmicas obtiveram melhorias de salário depois de formados, e 69% mudaram de cargo ou de carreira ao terminarem o curso superior ou logo no ano seguinte à colação de grau. A formação superior também proporcionou aumento salarial em torno de 55% para a maioria desses jovens.
Isso provavelmente explica por que projetos de inserção de jovens no mercado de trabalho, em geral não obtêm resultados significativos se não estão fortemente vinculados à educação. Por outro lado, valoriza programas como o Universidade para Todos (Prouni) e os sistemas de financiamento educacional, que facilitam o acesso das camadas de menor renda ao ensino superior, já que cada vez mais esse é um requisito importante para a obtenção de emprego.
Nem sempre basta, entretanto, ter o diploma de curso universitário. Em geral, exige-se ainda do candidato ao primeiro emprego capacitação profissional, e, muitas vezes, não apenas atestada por certificado de cursos específicos, também demonstrada por experiência na função. Embora pareça absurdo cobrar experiência de quem será remunerado como iniciante, essa é a realidade visível em grande número de anúncios classificados dos jornais.
Do lado oposto na faixa etária, mas, com frequência, igualmente barradas no mercado de trabalho, estão as pessoas com mais de 40 anos, que muitas empresas teimam em ver como “desatualizadas”, “sem entusiasmo” ou “refratárias às inovações”. Felizmente, aos poucos essa tendência está sendo revertida, pois grandes empregadores começam a perceber que não faz sentido desprezar a experiência dos colaboradores mais antigos; mesmo assim, os desempregados de 40, 45 ou 50 anos sabem o quanto ainda é difícil encontrar recolocação.
A par da idade, estudos do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostram que discriminações de gênero e raça também continuam muito presentes no panorama brasileiro. Os níveis de desemprego são mais altos entre as mulheres e entre os negros, e as mulheres negras enfrentam a pior situação, com taxa de desemprego de 12,4% no ano de 2007, comparada a 9,4% para as mulheres brancas, 6,7% para os homens negros e 5,5% para os homens brancos.
Portanto, são muitos os entraves para a inserção dos brasileiros no mercado de trabalho. Precisamos continuar discutindo esse tema, buscando soluções efetivas, quando for o caso, e incentivando mudanças culturais para superar preconceitos e atitudes discriminatórias.
Um mercado de trabalho mais justo, menos desigual em salários e oportunidades, é condição indispensável para um País realmente melhor.
sexta-feira, 1 de maio de 2009
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