O presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, disse nesta semana, em audiência pública aqui na Câmara dos Deputados (CD), que a valorização do Real frente ao dólar verificada nas últimas semanas, é fruto do bom desempenho da economia brasileira diante da crise global, e não de um movimento especulativo de investidores atrás das taxas de juros brasileiras.
Meirelles esteve na Câmara para falar das políticas monetária, creditícia e cambial, como determina a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). Mas o impacto da crise no Brasil dominou os debates, principalmente em relação ao câmbio e às taxas de juros.
Segundo ele, quatro fatores explicam a atual valorização do Real frente ao dólar: a entrada de capitais estrangeiros na Bolsa de Valores de São Paulo; a retomada dos empréstimos de empresas brasileiras no exterior; o crescimento do investimento estrangeiro direto no País; e a relação entre o Real e o preço das commodities que o País exporta, como soja e minério de ferro.
Meirelles ressaltou que, quando o preço das commodities sobe, como está ocorrendo agora, o Real se valoriza. Tudo isso envolveu um fluxo maior de capital, disse. De acordo com o BC, do início do mês até o dia 22 entraram no País 3,086 bilhões de dólares, o melhor desempenho desde abril de 2008.
Apesar da valorização, o dólar fechou a quarta-feira em R$ 2,016 para venda, uma queda de quase 6% em relação à cotação do início do mês, que prejudica os exportadores brasileiros, ele descartou mudança na política atual, principalmente para definir uma meta para o dólar.
O presidente do BC procurou apresentar um balanço positivo da economia brasileira, indicando os pontos mais fortes, como reservas internacionais elevadas, inflação sob controle e retomada do crédito bancário interno. Apesar de se dizer ainda cauteloso, ele afirmou que os indicadores mostram que a economia está entrando em um processo de retomada da atividade.
Questionado pelos deputados sobre o spread bancário, Meirelles salientou que a atuação do BC limita-se ao incentivo à concorrência no mercado bancário. Ele disse que a atuação dos bancos públicos e dos pequenos e médios pode forçar a redução do spread.
Meirelles lembrou que durante a liberação de R$ 99,8 bilhões do depósito compulsório, no final do ano passado, houve a preocupação em destinar R$ 41,8 bilhões para os bancos pequenos e médios. Essa capitalização, segundo ele, elevou a capacidade de concessão de empréstimos por essas instituições, o que deve contribuir para a diminuição do spread.
sexta-feira, 29 de maio de 2009
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