Prestar homenagem ao jurista Rui Barbosa permite-nos rememorar incontáveis lições de ética e de dignidade deixadas na vida pública nacional.
Nascido no Estado da Bahia, em 5 de novembro de 1849, nosso grande estadista – que sempre confiou no poder da palavra como instrumental essencial para ações futuras e com foco nas necessárias mudanças no cenário pátrio à época existente – participou de forma iquestionável de movimentos como a Campanha Abolicionista, a defesa da Federação, a própria fundação da República ou ainda a Campanha Civilista. Em 1º de março de 1923, falece em Petrópolis, no estado do Rio de Janeiro.
Incansável defensor da democracia e do valor liberdade, percorreu vários campos de atividades profissionais movido por nobres ideais. Com efeito, nas áreas do direito, da política, do jornalismo ou da diplomacia, sempre demonstrou extraordinária capacidade de trabalho.
Político vocacionado e atento às legítimas causas da sociedade, foi deputado, senador, ministro e candidato à presidência da República, provavelmente por acreditar na força transformadora de ações políticas direcionadas ao bem coletivo.
Representou o Brasil, com extrema competência, na 2ª Conferência da Paz, sendo também eleito, já no final de sua vida, Juiz da Corte de Justiça Internacional da Haia, da Liga das Nações.
Se a contribuição oferecida na esfera política para que o país trilhasse o caminho do progresso mostra-se decisiva, não menos relevante é a sua contribuição como estudioso da língua portuguesa. Isso por estar convicto de que o amor à língua nacional representa uma das dimensões mais expressivas de amor à pátria.
De fato, na Presidência da Academia Brasileira de Letras ou no parlamento, a cada discurso proferido e em marcantes construções linguísticas, o seu vasto conhecimento, uma vez mais, era destacado.
Ainda que seja complexa a tarefa de realizar uma síntese de um ideário voltado à construção de uma ordem jurídica liberal e democrática – tão característico no pensamento de Rui Barbosa – pretendo fazê-la a partir de trecho de um de seus memoráveis discursos.
Nesse sentido, com muita sabedoria, nos ensinou: Aqui não se chora. Aqui se reage. Aqui não se alçam bandeiras de lágrimas. Desfralda-se a bandeira da luta e da liberdade. A que me está nas mãos é a mesma de 1874, a mesma de 1888, a mesma de 1889, a mesma de 1893, a mesma de 1910, a mesma de 1916, a mesma de 1919; uma só, bandeira de cem batalhas, muitas vezes atraiçoada, mas ainda não vencida: a bandeira do voto livre; a bandeira da extinção do cativeiro; a bandeira da União na Federação; a bandeira da Constituição republicana; a bandeira de ódio às oligarquias e ditaduras; a bandeira da honra do Brasil no estrangeiro; a bandeira da revisão constitucional; a bandeira da verdade na República, da liberdade na democracia, da moralidade na administração. Numa palavra: a bandeira do futuro.
Mais do que saudade, Rui Barbosa deixa o exemplo daquele que esteve sempre ao lado do povo, erguendo com firmeza essa bandeira do futuro. Um futuro, cabe frisar, em que a liberdade, a democracia, o desenvolvimento econômico e a justiça social crescente fossem reafirmados com vigor.
No instante em que recordamos aspectos de uma biografia tão significativa, evidenciada por tantas realizações e por uma produção intelectual vastíssima, enalteço a essencial tarefa iniciada pelo museu-biblioteca A Casa de Rui Barbosa, que originou a Fundação de mesmo nome. Essencial por preservar o pensamento da obra de Rui Barbosa. Fundamental por permitir que se divulgue uma intensa história de vida, de luta e de conquistas.
A contemporaneidade de Rui Barbosa – ele que se antecipou ao seu tempo – reside em seus ensinamentos. Lições de profundo respeito ao Brasil.
domingo, 1 de março de 2009
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