O vírus da Aids já circulava entre os homens muitas décadas antes de ser descrito pela primeira vez, em 1981, quando a atual epidemia da doença começou a se alastrar pelo mundo, é o que leio em matéria publicada no jornal O Globo.Com base em trabalhos de arqueologia microbiológica, um novo estudo, publicado na Nature, situa a origem da doença em algum ponto entre 1884 e 1924, mais provavelmente por volta de 1908, na África Subsaariana, no momento em que as primeiras cidades modernas surgiram na região.
Estimativas anteriores situavam a origem do HIV por volta de 1930. Mas Michael Worobey, da Universidade do Arizona e um dos maiores especialistas em estudos sobre o vírus, defende a idéia de que o HIV teria começado a circular algumas décadas antes.
Sua pesquisa é baseada no estudo de fragmentos genéticos do vírus, obtidos em um nódulo linfático extraído de uma mulher, para biópsia, em 1960, em Leopoldville (atual Kinshasa, capital da República Democrática do Congo), e conservado até hoje. O grupo do cientista comparou essas seqüências genéticas virais a outras já conhecidas para situar as origens do HIV.
A amostra, de 1960, é a segunda seqüência genética mais antiga que se tem, e é do HIV-1, grupo M, a linhagem responsável por mais de 95% dos casos da atual pandemia. A seqüência mais antiga, da mesma linhagem, data de 1959, e vem de uma amostra de sangue extraída também na antiga Leopoldville.
As diferenças, da ordem de 12%, suficientes para caracterizar subtipos, revelam que o HIV-1 já tinha passado por substanciais diversificações, o que só ocorre quando circula por algum tempo. Cálculos estatísticos sugerem que, para apresentarem tais diferenças, o ancestral comum entre os dois, teria que ter existido pelo menos 50 anos antes.
Saiba mais no jornal O Globo, edição de 02/10/2008.
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