quarta-feira, 15 de agosto de 2007

Perda lamentável

Lamentável a morte do ex-deputado federal cearense Marcelo Linhares, que faleceu na terça-feira (14), em Fortaleza. Político sério, de caráter, inteligente e de gestos educados, Marcelo Linhares vinha se dedicando a estudar a recente história brasileira, lançando três livros importantes para a historiografia do Estado: “O Governo Linhares, Transição para a Democracia”, em 1992, “Virgílio Távora - Sua Época”, em 1996 e, “Governo Castello Branco - Isto é Verdade”, obra que lançou em 1999, em Fortaleza.

Em entrevista concedida a João Soares Neto, cônsul honorário do México, há 3 anos, Marcelo Linhares declarou: “Nos meus oitenta anos nunca imaginei responder perguntas sobre mim mesmo. Lembro-me sempre que a um Lorde inglês indagaram como havia chegado tão rápido àquela posição, eis que só tinha cinqüenta anos. A resposta foi: “Falando muito das coisas, pouco das pessoas e nada sobre mim mesmo”.

Sua família sempre fez política no Ceará. Seu pai e seu irmão José foram deputados federais. O tio Francisco Linhares Filho – por quem foi criado – foi deputado estadual por alguns mandatos. Um irmão de seu pai, Ministro José Linhares, por dez anos exerceu a Presidência do Supremo Tribunal Federal. Foi, também, Presidente da República, experiência relatada em seu livro “Governo Linhares – Transição para a Democracia”.

Convocado pelo Governador Plácido Castelo para exercer a Secretaria de Planejamento do Ceará, encontrou o caminho que o destino lhe reservara. Quatro anos depois eleito foi para a Câmara dos Deputados onde, por 16 anos, cumpriu mandato parlamentar.

Confesso apaixonado por sua esposa Irismar, a quem dedicou todos os livros que escreveu, considerava-a sua âncora. Nos momentos de maior dificuldade, inclusive na política, declarava que era ela quem o ajudava a sair. “Deus foi pródigo comigo pondo-a no meu caminho”, dizia.

Questionado sobre o que dizer aos que nascerão em 2024, Marcelo Linhares respondeu: Se vivo for – o que espero – a conversa será uma. Se já estiver no outro mundo pedirei que leiam os meus escritos e lembrem: “o Brasil espera que cada um cumpra o seu dever”.

À família, especialmente à dona Irismar, envio os mais sinceros votos de pesar.

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