O ano de 2007 é especialmente significativo para as letras do Ceará e para a literatura brasileira. Este ano, comemoramos os 140 anos do nascimento e o 110º aniversário da morte do romancista Adolfo Caminha. Ele viveu pouco – apenas 30 anos, mas tempo suficiente para tornar-se um dos mais ilustres nomes da ficção naturalista brasileira, assim como Aluísio Azevedo, Inglês de Sousa, Júlio Ribeiro e outros grandes valores do nosso romance.
Ao exaltarmos a figura de Adolfo Caminha, saudamos os escritores do Ceará e de todo o Brasil pelo talento e pela criatividade com que dão grandeza à cultura e enriquecem o patrimônio literário do nosso povo. Mais do que somente lembrá-los, a melhor homenagem que lhes podemos prestar é ler-lhes a obra, torná-la acessível aos jovens leitores, fazê-la presente às salas de aula e às estantes das bibliotecas públicas.
A vida de Adolfo Caminha daria, ela própria, um extraordinário romance. Nascido em 1867, no município cearense de Aracati - berço de outro grande brasileiro, o pianista Jacques Klein -, em 1880 muda-se para o Rio de Janeiro, onde ingressa, com 16 anos, na Escola de Marinha. Lá, protagoniza um episódio que se tornaria famoso: perante ninguém menos do que o Imperador Pedro II, faz um eloqüente discurso em favor da Abolição e da República, iniciativa que quase o leva à expulsão, não fosse a benevolência do monarca, que por ele intercede.
Em 1892, Adolfo Caminha participa da fundação da “Padaria Espiritual”, uma das mais criativas e originais associações de escritores na história da literatura brasileira. Os membros denominavam-se “padeiros”, a sede se chamava “forno” e o jornal que escreviam, O Pão. Para o crítico literário Sânzio de Azevedo, foi a “Padaria” cearense uma precursora do Modernismo, movimento que só se realizaria três décadas à frente, com a Semana de Arte em 1922.
Na relevante obra de Adolfo Caminha, destacam-se dois grandes romances: A normalista, lançado em 1893, e Bom-crioulo, publicado em 1895 - uma das culminâncias do naturalismo brasileiro, pela crueza do tema e pela ousadia da relação entre os dois marinheiros protagonistas da história. Em 1897, vitimado pela tuberculose, morria o brilhante escritor, no Rio de Janeiro, com 30 anos incompletos.
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